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Brasil se choca a cada vez que um massacre em escola pública ocorre. Contudo, mesmo após as chacinas de Realengo (2011) e Suzano (2019) não se notam no país medidas efetivas para impedir que episódios como este se repitam.

 

 

Nos Estados Unidos (EUA), por outro lado, após o acontecimento de massacres no ambiente escolar, uma série de medidas e estudos tem sido desenvolvidos com o objetivo de aumentar a segurança em escolas e diminuir ou impedir que atentados como estes ocorram.  

O controle de entrada e saída de colégios tem recebido atenção especial nos EUA. Portas reforçadas e detectores de metais são exemplos de medidas de segurança implantadas. Além disso, outros itens têm sido inseridos em escolas para garantir maior proteção aos alunos, como coletes, mochilas e lousas à prova de balas. De acordo com dados da IHS Markit, aproximadamente US$ 2,7 bilhões foram invertidos por escolas norte americanas em serviços e equipamentos de segurança no ano de 2017. A pesquisa também mostra que a quantidade de escolas que contam com câmeras de segurança cresceu 50% entre 1999 e 2013. Além da preocupação com a infraestrutura, o país também investe em treinamentos para que alunos e profissionais aprendam como se portar diante desta situação de emergência por meio de rotas de fuga e criação de barricadas com mesas e carteiras para bloquear portas.

 

Um manifesto (Call for Action to Prevent Gun Violence in the USA) assinado por mais de 4,4 mil especialistas e 200 universidades nos Estados Unidos, argumenta que além de reforçar a segurança no ambiente escolar é fundamental incentivar práticas preventivas de reconhecimento à ameaça. Esse processo ocorre quando alunos e profissionais conseguem perceber sinais de alerta emitidos comumente por autores deste tipo de crime. Dentre as características estão o fascínio por armas e massacres ocorridos anteriormente, criação de um arsenal e mencionar o plano de ataque para colegas, familiares ou mesmo na internet.

 

Adriana Silveira luta para que algumas das medidas de segurança e programas citados anteriormente sejam uma realidade no Brasil. Após perder a filha, Luíza Paula Silveira, no massacre ocorrido em Realengo, Adriana percebeu que precisava fazer algo para evitar que outras mães e pais passassem pelo que ela passou. "Após tudo ter acontecido tivemos nosso momento de dor e sofrimento, mas percebemos que precisávamos fazer alguma coisa. A morte daquelas crianças não foi algo normal. Decidi então transformar meu luto em luta", afirma Adriana.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A luta começou por meio da criação da ONG Anjos de Realengo, uma instituição que uniu familiares de vítimas e sobreviventes do massacre. A equipe tem trabalhado com objetivo de conscientizar a população acerca do perigo do bullying e necessidade do aumento da segurança nas escolas. Graças aos esforços de Adriana e da ONG foi possível reconhecer 7 de abril (data do massacre de Realengo) como o Dia Nacional de Combate ao Bullying. O Grupo também trabalha para que haja um sistema de segurança efetivo nas escolas públicas. "Depois do que aconteceu aqui na Escola Tasso da Silveira colocaram vigilância 24 horas no local. Queremos que todas as escolas públicas possam contar com esse suporte. Além disso, é necessário que coloquem detectores de metais e que haja um controle efetivo de quem entra e sai da escola", conclui Adriana.  

 

Após o ocorrido, Adriana decidiu transformar o sofrimento em uma causa nobre, contudo, a cada vez que um novo episódio ocorre, afirma sentir a mesma dor novamente. "Quando ficamos sabendo do ataque na Escola de Suzano sentimos na pele a dor daquelas famílias. Eu sei o que eles estão sentindo nesse momento e dói muito saber que as pessoas só dão a devida importância a este tema quando um fato como este volta a acontecer. Nós estamos em contato com algumas famílias de Suzano oferecendo todo nosso apoio e suporte", explica. 

Esta luta ainda parece demorar a findar, de acordo com Adriana ainda há muito a ser feito para garantir um ambiente escolar seguro para crianças e adolescentes. Para isto é necessário reconhecer o culpado pelo ocorrido. "Todos nós somos culpados pelo que aconteceu. Todos nós que não conseguimos identificar os sinais. Todos os que cometeram ou que cometem bullying. Toda a sociedade precisa se responsabilizar e estar aberta a entender este assunto. Não pode ser normal crianças perderem suas vidas nas escolas. Todos precisam se conscientizar disso", finaliza. 

Para que haja intervenção, é preciso saber enxergar características e sinais e atuar de maneira preventiva. Assim como explicado no Ato I: Eu Sou, a internet pode se tornar uma vitrine de exposição do futuro assassino. Caso você perceba algum destes sinais, denuncie! Existem no país Delegacias Cibercrimes que atuam diretamente com todo o tipo de delito que possa ocorrer no ambiente virtual.

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Foto Por: Marcos Serra Lima/G1

Desconstrução (cover) - Jeferson Junior
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"Ninguém notou a sua depressão", argumenta uma das estrofes finais da canção Desconstrução, de Tiago Iorc. Enquanto a sociedade não aprender a identificar sinais de alerta, muitas meninas e meninos podem encontrar finais trágicos em suas histórias. 

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